Sobre o que aprendi com "Clube dos Cinco" :)
- Heloísa Torres
- 20 de jun. de 2015
- 4 min de leitura

Hoje vamos falar sobre um "filme de colégio"! Esse tipo de filme é legal principalmente se você ainda está na escola, por que é possível se identificar com situações até personagens. Porém muitos filmes do tipo apelam para esteriótipos de "patricinhas", "nerds", "valentões"... e se tornam irritantes e às vezes até ofensivos. Mas, fora desse padrão superficial, há um filme bem interessante, sobre o qual eu vou falar aqui.
Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985) é um filme de John Hughes (Gatinhas e Gatões, 1984) que acompanha um sábado de detenção de cinco adolescentes: Andrew Clark, Brian Johnson, John Bender, Claire Standish e Allison Reynolds. Para cumprir esse dia de detenção, o diretor Sr. Vernon, manda que todos façam uma redação falando sobre "quem eles são". O filme tem no elenco Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Judd Nelson, Molly Ringwald e Ally Sheedy.

Tinha uma espectativa totalmente diferente de Clube dos Cinco, pois estava baseada nos outros filmes colegiais que já tinha assistido até então (leia-se comédias, romances e musicais), sempre animados e cheios de música, risos e *alto astral*.
Porém, me deparei com algo bem diferente. Praticamente tudo se passa dentro de uma única sala (a biblioteca da escola), salvo algumas cenas no corredor e na sala do diretor. Não é um filme com ação, não tem um rítmo frenético, é um drama (na minha opinião, chega a ser um pouco tenso às vezes). Além de ele ser parado. Exatamente como se você estivesse de detenção.
Gostaria de acrescentar uma observação referente ao conteúdo do filme. Diferentemente das outras obras que já comentei aqui, que são feitas para a família toda assistir junta, Clube dos Cinco é mais pesado. É muito frequente uso de linguagem de baixo calão (palavrões), gestos obscenos e consumo de drogas. Porém, considerando que o filme teria que ser realista ao falar do comportamento de pessoas normais, adolescentes, acho que uso dessa linguagem não foi exatamente um problema. Porém, por ter este conteúdo, além de levar em conta a mensagem do filme, acredito que é mais proveitoso assistir à Clube dos Cinco se você já estiver na casa dos 14 anos, ou um pouco mais maduro (Não é uma regra, é uma recomendação ;) ).
Bem, voltando ao filme. Tudo começa com uma narração de um dos alunos, Brian (Anthony Michael Hall) em que ele fala que os cinco aceitam o fato de estarem de detenção por seja lá o que fizeram de errado, porém não concordam em ter que fazer uma redação sobre quem eles pensam ser, afinal, por que o Sr. Vernon se interessaria por isso? Brian diz: "Você nos vê do jeito que quer nos ver, nas mais simples definições. Você nos vê como um cérebro (Brian), um atleta (Andrew), um caso perdido (Allison), uma princesa (Claire) e um marginal (Bender)". E completa: "É assim que vemos um ao outro às sete da manhã de hoje..."

Esse finalzinho, em especial, dá o tom das primeiras cenas: cinco jovens que se encaram com os esteriótipos com os quais estão vestidos. Aliás, a parte em que eles acabam de se conhecer pode ser um pouco irritante, dependendo do seu grau de paciência. Porque é uma sequência de insultos e provocações, principalmente por parte do "marginal" John Bender. Até que, em uma determinada cena em que Bender vislumbra como deve ser a vida na família de Brian (a família de um nerd, certinha e cheia de formalismos), ocorrem algumas discussões, e os jovens começam a descobrir certas facetas da vida de cada um que não pareciam fazer sentido quando se levava em conta seus esteriótipos. É a partir daí, que a história fica mais interessante.
Muitas pessoas já se viram, pelo menos uma vez na vida, atingidas por algum tipo de preconceito, e já tiveram até que vestir a "roupa" e a sociedade fez para elas. Com certeza não deve ser nada confortável fingir ser outra pessoa para evitar conflitos com os outros... Mas esse conformismo pode ser bem angustiante. Bem, durante essa "fatídica detenção" ocorre esta jornada de auto descobrimento e quebra de preconceitos entre estes cinco jovens, que antes se conheciam apenas pelos codinomes que representam apenas um pequena parte da cada uma deles. Lembra que falei que o filme provocava certa tensão? Pois então, ela é decorrente justamente por causa dos conflitos externados por cada um desses jovens, além da expressão de raiva que eles transmitem em determinadas cenas.

Outro aspecto me me chamou atenção no filme foi a crítica ao autoritarismo abusivo de alguns adultos perante crianças e jovens. Sabe, muitos dizem "a adolescencia é uma fase tão complicada!", mas como ser autoritário vai ajudar nisso? É certo que todos precisam de uma mão firme que possa guiá-los com sabedoria, porém ao mesmo tempo, é preciso ouví-los para conhecê-los e entendê-los. O filme retrata isso quando mostra a maneira como o diretor da escola os trata "com os termos mais superficiais". Aliás, a própria mídia, às vezes, adota esteriótipos para dialogar com essa faixa etária, e acaba demonstrando que não os leva a sério, tornando-os ainda mais abobalhados.
Mas, apesar de todo esse drama, Clube dos Cinco é um filme otimista. Digo isso, porque ao final, algo mais é acrescentado a nós. Um certo sentimento de "você não está sozinho enfrentando seus problemas". E o filme tem algumas cenas bem engraçadas e animadas como a em que "o clube" dança na biblioteca. Esse otimismo é impulsionado pela trilha sonora com uma "vibe" bem anos 80 (aliás, tudo nesse filme é "anos 80", porque, enfim... haha!), com música eletrônica e punk . As minhas músicas favoritas nessa trilha são We are not alone da cantora Karla deVito, e a clássica e marcante Don't you forget about me do Simple Minds.
Bem, isso foi "o que aprendi assistindo à Clube dos Cinco". Posso dizer que gostei bastante do filme, que dialoga muito bem com o público adolescente de todas as épocas, não apenas dos anos 80. Quando assistir esse filme preste bem atenção na história de cada um dos personagens e seus conflitos, é bem interessante! Espero que tenham gostado do post de hoje, e peço perdão pela ausência de potagens nas últimas semanas, a frequência vai melhorar ;)
Segue o vídeo com a música We are not alone, para você conferir!
"Todos somos bem bizarros. Alguns de nós são apenas melhores em esconder isso." - Andrew, "o atleta".

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