Desventuras em Série - "Há sempre um jeito!"
- Heloísa Torres
- 16 de mai. de 2015
- 4 min de leitura

Ultimamente tenho sentido uma necessidade (saudade!) de filmes mais fantasiosos, menos realistas... Precisava de aventura e fortes emoções! Nisto, fui ver as opções que tinha e uma delas já estava até empoeirando de tanto tempo que estava em minha lista. Este filme é Desventuras em Série. E são as impressões que tive dele que estão aqui registradas.

Desventuras em Série (A Series of Unfortunate Events, 2004) é um filme de Brand Silberlling (Gasparzinho - O fantasminha camarada, 1995) com Jim Carrey, Meryl Streep, Emily Browning e Liam Aiken. O filme fala das aventuras desventuradas dos irmãos Baudelaire: Violet (a mais velha), Klaus (o menino do meio) e Sunny (a bebê), os quais perdem seus pais em um misterioso incêndio. Essa situação os leva a ficar sob a tutela de Conde Olaf (JIm Carrey), um tio tenebroso (que mal os conhece), e que tem como objetivo se livrar das crianças para ficar com a herança da família Baudelaire. E assim as crianças vivem uma aventura sempre tentando fugir do sinistro Olaf. O filme é baseado nos três primeiros livros da série homônima, de Lemony Snicket (pseudônimo de Daniel Handler). Vou frisar que não li o livro! Vou comentar aqui apenas sobre o filme.

Vamos começar pelo começo. A narração da história é adorável, o narrador parece atencioso tanto com o espectador quanto com os personagens, e digamos que isso é como um alívio, sabe? Porque agora vem a parte que contribui com a desconsolação: a cinematografia do filme (talvez eu esteja sendo um pouco atrevida ao falar sobre isso. Mas... vamos lá!). Acontece que atmosfera do filme é incrível! Ela faz você sentir a tensão e/ou medo junto com os protagonistas. As cores variam entre o preto, o sépia e o cinza, pelo que percebi, e o ceú é sempre (ou quase sempre) nublado, o tempo é chuvoso... Enfim, tudo para que o clima não seja um dos mais agradáveis. Além do que a história tem seus mistérios, começando pelo incêncio inexplicável. E conforme essas charadas acompanham o filme, você fica com mais vontade de continuar assistindo. Não é o que esperaria de um filme infantil. Aliás, acho que esse é o *sal* de Desventuras em Série. Ele é simplesmente diferente! Tudo o que eu esperava foi descontruído, fui assistir esse filme pensando em um tipo de Crônicas de Nárnia, por exemplo. Mas é diferente. As lições não são as mesmas de sempre, nem o final, nem o meio, nem o perfil dos personagens... E eu realmente gostei disso!

Falando sobre perfil de personagens, aqui tem um vilão tão legal, hehe! O mais bacana, é que ele é macabro justamente por causa da personalidade um tanto "oito ou oitenta" dele. Bem, o vilão desta história é Conde Olaf, interpretado pelo Jim Carrey. Sabe, ele te faz rir e sentir medo ao mesmo tempo. E esse é o sinistro, por que ele é sarcástico e às vezes até parece meio bobo, mas é cheio de planos maquiavélicos. Olaf quer simplesmente se livrar das crianças, um eufemismo para não dizer: matar as crianças. Cruel, não? Mas de qualquer forma os trejeitos dele são hilários... Ainda mais por que é "ator profissional" cheio de cerimônias e exageros!
Outros personagens que me chamaram a atenção foram as crianças. Não pela atuação, que não é tão surpreendente... Mas pela personalidade de cada um. São crianças muito inteligentes. Violet é uma criativa inventora que sabe sempre se safar das situações. E Klaus, como é apaixonado pela leitura, aprende e apreende tudo o que lê, e isso o dá a capacidade de sempre desvendar mistérios. E não poderia faltar a bebê, Sunny. Que apesar de nem saber falar participa da história e dá a sua opinião sobre as coisas que acontecem. Os três formam um trio muito interessante. Estão sempre unidos trabalhando pelo grupo, e como cada um desenvolveu seu talento, os três utilizam suas poderosas armas para passar por tantas desventuras.

Achei bem interassante quando o filme fala sobre a sensação de perder algum ente querido para sempre, ou temer a morte. Uma das pessoas que cuida das crianças durante o filme é a Tia Josephine (Meryl Streep), e pelo que percebi ela personifica essa sensação. O passado dela é apresentado para nós: sempre cheio de aventuras e até coisas bem perigosas... Porém depois que ela perde o seu marido tão amado, todo esse espírito aventureiro acaba, a vida fica sem graça e todas as atividades que levava com a maior naturalidade antes, ficam extremamente perigosas. Isso fica marcado nas atitudes da personagem durante o filme. Josephine está sempre se acovardando, ou dizendo que coisas simples como "ficar próximo à geladeira" podem causar catástrofes. É como se outra pessoa se vai, e nossa própria vida também fica por um fio. Não tem de ser necessáriamente assim, como as proprias crianças nos mostram, mas gostei da maneira de como essa ideia foi representada.
Há ainda uma crítica que o filme trás sobre a falta de atenção com as crianças. Como disse, são três irmãos bem inteligentes. Mas, a história mostra a ignorância dos mais velhos para com elas. Tudo o que eles tentam avisar, ou opinar é ignorado como se nem estivessem alí. As situações que assim se apresentam causam muita angústia, por que você quer que realmente elas sejam ouvidas, obviamente, por estarem certas.
Assim, a atmosfera e o desencadeamento das fatos foram montados de forma a sempre causar no espectador a sensação de esperança... que acaba! Sim, em muitos momentos parece que tudo vai acabar perfeitamente bem, mas algo acontece e o mundo volta a desabar em cima dos Baudelaire (e de você também!). É um sentimento que às vezes eu quase não consigo explicar mas é tão bem montado na película que me dá até um alívio de ver essa sensação sendo "esclarecida", digamos assim.

Bem... Eu gostei pra valer de Desventuras em Série. É um filme triste e angustiante que despedaçou meu coração, mas que fala sobre ver as tais "desventuras" como simples passagens. E apesar de não se ter fórmulas prontas para vencer dificuldades, sempre teremos dentro de nós a capacidade de fazer coisas incríveis e achar conforto e consolo em pessoas que amamos: em irmãos, pais, amigos... Ou até em nós mesmos, basta procurar, "há sempre um jeito!". Essa foi a resenha dessa semana, espero que tenham gostado, comentem! Um abraço, e até a próxima!
Ps.: Desculpem, mas dessa vez, não haverá trailer aqui na postagem porque não achei na internet um trailer dublado ou legendado em português. Dessa vez não deu. Mas na próxima farei o possivel! ;)
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